Por Ramão Carvalho
O campeonato da
Estação Primeira de Mangueira, na passagem do Centenário do Samba carioca neste
ano de 2016 foi marcado por uma disputa acirrada ao título. Após os grandes desfiles
tecnicamente perfeitos, com plástica, cores, formatos inovadores e ousados de
Mangueira, Unidos da Tijuca, Portela e Salgueiro, seguido de Beija-Flor,
Imperatriz, Grande Rio... Acredito que o resultado final foi coerente... onde o
grande destaque destes desfiles, em minha opinião, foi para a forma colorida e,
talvez com um “plus”, para a comoção
e para a motivação, gerando uma alegria e uma disposição diferenciada na
apresentação do contingente verde e rosa em homenagear Maria Bethânia.
No geral, foi um
carnaval de superações, para manter a qualidade do espetáculo diante de uma
crise financeira à qual o país tem passado. Durante as apresentações,
verificava-se que o ponto alto dos desfiles aconteceu para as tradicionais
escolas de samba, que foi pautado no capricho e no grande show preparado por
seus componentes. Mesmo sendo redundante, a beleza destes desfiles e a ousadia
dos enredos, além da disposição plástica foi mais evidente e despontou as escolas
mais tradicionais como as francas favoritas ao título, sendo elas: Salgueiro,
Mangueira e Portela.
Destaco que outro ponto importante e
relevante a ser enfatizado, que é a respeito dos enredos das duas escolas, onde
o G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira com “A Menina dos Olhos de Oyá”, e a
“Ópera de Malandros” do G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro, ambos tratando de
assuntos afro-brasileiros tiveram grande aceitação da comunidade em geral. Esta
aceitação pode ser verificada nas pessoas cantando com louvor estes sambas de
enredo, onde também nas transmissões de rádio e TV, os repórteres e apresentadores
comentaram com propriedade informações das “coisas
de terreiro”, da linguagem afro-brasileira, sobre os dogmas, as lendas,
enfim, é a cultura do povo sendo transmitida e divulgada tanto para o povo,
quanto para a elite.
Em minha opinião, foi muito positiva a
vitória da Mangueira, acompanhada de perto por Salgueiro, uma vez que ambas
abordaram assuntos tão perseguidos e por vezes tão questionados em relação à
cultura e a religião africanista. Postei em minha rede social que foi um “tapa de luva” para aqueles que
descriminam e atacam a cultura do outro... e mantendo minha posição, pois cada
vez estou mais convencido de que foi uma vitória do povo brasileiro e da
Cultura Popular...
Acredito que precisamos manter e
incentivar acontecimentos e atitudes de tolerância e de convivência pacífica
entre as diferentes manifestações, seja ela cultural, política ou religiosa...
As questões relevantes, neste caso, onde podemos verificar, por exemplo, que o
Brasil e mundo (que assistem aos desfiles) puderam tomar conhecimento e
aprender sobre questões culturais com os diferentes enredos, realizados por
profissionais e amadores, apresentados pelas Escolas de Samba do maior
espetáculo da terra: O carnaval.